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    São João Calábria: vida que inspira vidas – relato da Irmã Graciela Ramseyer

    "O Pe. João Calábria, que com a sua santidade nos atraiu desde lugares tão remotos do mundo", conta a religiosa.

    Testemunhos

    12.04.2024 07:00:00 | 7 minutos de leitura

    São João Calábria: vida que inspira vidas – relato da Irmã Graciela Ramseyer

    No cenário da fé e da devoção, a história de São João Calábria continua a ser uma fonte inesgotável de inspiração. Seu legado transcende o tempo, ecoando maravilhas que Deus operou através dele e continua a operar até os dias de hoje.

    Com imensa alegria, compartilhamos as preciosas lembranças narradas pela Irmã Graciela Ramseyer, Pobre Serva da Divina Providência. Ela, entre os muitos que se dedicaram à organização das celebrações e peregrinações por ocasião da Canonização de São João Calábria, nos presenteia com memórias que ressoam com o espírito e a missão desse grande santo.

    Padre Calábria, como era conhecido, buscava o anonimato, preferindo o escondimento. Contudo, Deus escolhe os instrumentos mais simples para manifestar suas maravilhas ao mundo, e assim foi com a vida e obra de São João Calábria. Originário de Verona, sua influência se estendeu além das fronteiras, alcançando muitos países através da Família Calabriana, que continua a fazer a diferença na vida de inúmeras pessoas.

    Convidamos você a mergulhar conosco neste relato compartilhado pela Irmã Graciela. Estamos certos de que será uma experiência enriquecedora, repleta de inspiração e fé, à medida que celebramos o Jubileu de Prata da Canonização de São João Calábria.

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    A minha lembrança da canonização de São João Calábria

    Tive a graça de estar presente na Itália tanto na beatificação do Pe. João Calábria, em Verona, no dia 17 de abril de 1988, como na sua canonização em Roma, no dia 18 de abril de 1999.

    Integrei a comissão que preparou a canonização do Padre. Foram meses muito intensos, de profunda emoção e muito trabalho. Éramos conscientes da importância do acontecimento único, histórico e de grande bênção para toda a Obra e a Igreja que estávamos vivenciando. Tal acontecimento mereceu uma preparação espiritual intensa, em particular na diocese de Verona, onde nasceu e viveu o Pe. João Calábria. Para sensibilizar as comunidades, foi preparado um subsídio de oração e reflexão sobre temas da espiritualidade do Pe. Calábria, intitulado "Com coração de Pai", que serviu na animação de muitos encontros nas diferentes paróquias da Diocese e nas casas da Obra presente na Itália. Também se intensificaram as peregrinações de grupos que vinham visitar o túmulo do nosso fundador na Casa Mãe de San Zeno in Monte e mergulhar na sua espiritualidade.

    Outra iniciativa muito significativa foram os encontros que foram feitos em Roma, entre as Congregações dos três futuros santos que foram canonizados juntos: o Padre Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas, a Ir. Agostina Pietrantoni das Irmãs da Caridade de S. Giovanna Antida Thouret e o nosso Pe. João Calábria. Fruto desses encontros, além de aprofundar o mútuo conhecimento e louvar a Deus pelo dom da santidade, foi a preparação conjunta de um momento de animação espiritual vivenciado na Praça São Pedro meia hora antes de iniciar a Missa de canonização. Foi muito apreciada, também pela Santa Sé, esta iniciativa que deixou uma mensagem de comunhão eclesial diante da multidão de pessoas vindas de todos os continentes. Era a primeira vez que acontecia algo assim em uma celebração de canonização.

    São muitos os momentos de intensa alegria que vivenciamos nesses dias em Roma. Difícil descrever a alegria e a emoção dos peregrinos que iam chegando dos diferentes países onde a Obra Calabriana está presente. Ver o rosto das pessoas descendo do avião, encontrando-se depois com os outros contingentes, cada um trazendo as cores dos próprios países de proveniência. Uma Babel de línguas que, porém, tornou-se harmonia de sorrisos e abraços porque todos são filhos do mesmo Pai, o Pe. João Calábria, que com a sua santidade nos atraiu desde lugares tão remotos do mundo.

    O programa das celebrações pela Canonização do Pe. João Calábria, em Roma, previa diversos momentos muito intensos:

    17 de abril de 1999
    às 21:00 hs,
    Aula Magna do Hotel Ergife,
    Comédia musical “Cercate in primo luogo…” (de M. Cunico, dirigida por V. Rose, músicas do M.° P. Messina).

    18 de Abril de 1999
    às 10:00 hs
    na Praça São Pedro
    Cerimônia de Canonização
    Presidida por S.S. João Paulo II

    19 de Abril de 1999
    às 08:00 hs
    na Basílica de São João de Latrão
    Santa Missa de Ação de Graças
    Presidida por S. Em. Cardeal Camillo Ruini

    às 12:00 hs
    Na Sala Paulo VI, no Vaticano
    Audiência com Sua Santidade o Papa João Paulo II

    São indescritíveis e incontáveis as anedotas desses dias em Roma, a emoção de estar entre essa multidão de peregrinos presentes na Praça S. Pedro, os cantos, a espera, a chegada do Santo Padre, os lenços que enchiam de cores a praça, os grandes painéis que retratavam a figura dos três santos e entre eles o nosso querido João Calábria, erguido como farol de luz evangélica para toda a humanidade. Tudo era uma liturgia de cores e cantos, um hino de louvor a Deus que faz maravilhas nos seus servos e continua guiando a sua Obra, a sua Igreja.

    Entre os tantos peregrinos estava presente também a Senhora Rita Faccioli de Braida, a mulher do milagre, junto à sua família e a um grupo numeroso de peregrinos provenientes da sua cidade, Reconquista, à qual também eu pertenço. Gostaria de culminar partilhando uma experiência deste grupo que acompanhei mais de perto, também nos dias seguintes à canonização.

    Foi tocante quando eles chegaram a San Zeno in Monte e entraram na capela onde está o túmulo do Pe. João Calábria. Caíram de joelhos em terra e uma profunda comoção invadiu todos eles. Que intenso foi esse silêncio! Quanto desejavam chegar aos pés do Padre, agora proclamado Santo, para agradecer a bênção que recebeu Rita e com ela toda a sua família, toda a comunidade. Aí estavam finalmente, trazendo no coração a oração de tantos que não puderam vir mas que se encomendaram à intercessão do Pe. João Calábria. Quantas cartas com pedidos e agradecimentos foram depositadas na tumba do Padre. Foi realmente um momento inesquecível!

    Mas Deus tinha preparado para este grupo uma missão especial, e o manifestou com um sinal muito particular.

    Aconteceu que na última noite que estavam em Verona, todos jantavam num restaurante da cidade junto com outros grupos de peregrinos, quando a polícia chegou pedindo que alguém do grupo se fizesse presente no estacionamento onde estava o ônibus da comitiva, porque tinham encontrado no seu interior um “ladrão”. A surpresa foi ao ver que o “ladrão” era um jovem migrante do leste europeu que tinha encontrado no bagageiro do ônibus uma caixa com sanduíches que tinham sobrado do almoço. O jovem tremia de medo e de fome. Não houve denúncia, como a polícia sugeriu, mas simplesmente deram para o jovem a caixa inteira de comida. Esse jovem foi um “sinal” de Deus, como aquele primeiro menino que encontrou o Pe. João Calábria ainda sendo clérigo. Depois de refletir sobre o significado desse sinal, a turma de peregrinos compreendeu que Deus lhes pedia iniciar uma atividade para meninos pobres num dos bairros periféricos da cidade de Reconquista. Teve assim início a “Casita Mamá Angela” como lugar de contenção, educação, refeições, centro de promoção da mulher, ajuda às famílias carentes desse lugar... centro que ainda hoje é administrado pelos leigos calabrianos.

    Quis concluir com este testemunho de caridade, como tantos outros que surgiram depois da canonização, que acredito serem os sinais que mais honram a São João Calábria, o Santo da Caridade.

    Reconquista, 9 de abril de 2024 
    Ir. Graciela Ramseyer 
    Pobre Serva da Divina Providência

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